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VOCÊ TEM R$ 3 MILHÕES PARA CONQUISTAR 1 PONTO?
Publicado
3 anos atrásem
Por
Fábio Rocha
VAMOS RACIOCINAR…
Caro irmão de camisa, o que inspirou este artigo foi pesquisar as despesas oficiais de cada clube (publicadas em Balanço desde 2012 até 2016), classificadas exclusivamente como “Futebol” (profissional e da base).
Portanto, despesas sociais do clube, com outros esportes, gastos gerais e pagamento de dívidas foram excluídas, para avaliarmos o quanto está custando cada ponto conquistado no Campeonato Brasileiro da Primeira Divisão.
POR QUE APENAS O CAMPEONATO BRASILEIRO?
O Campeonato Brasileiro é a “mãe de todas as competições”. Apesar da importância crescente (até econômica) da Copa do Brasil, é o Campeonato Brasileiro o mais extenso no calendário (disputado em turno e returno) e a “razão de ser” dos clubes por classificar para a Libertadores, Sul Americana e manter o clube na mídia por todo ano.
Convenhamos, os estaduais estão falidos e com quase nenhuma importância até para os torcedores (deveria acabar para os principais clubes). A Copa do Brasil é a exceção, mas disputada no “mata-mata”, com um número de jogos muito menor. Libertadores e Sul Americana são consequências do Brasileiro do ano anterior.
O AUMENTO DAS RECEITAS E DESPESAS
O negócio futebol, mesmo com a relativa incompetência empresarial brasileira, vem ganhando cada vez mais, ares de profissionalismo e aumentando suas receitas (e por consequência as despesas também) ano após ano.
Reiterando que este artigo se limita a avaliar as despesas do futebol (profissional e da base), não questionando, neste momento, a geração de receitas (embora haja uma estreita correlação com os gastos) de cada agremiação e nem se ela gerou lucro ou prejuízo.
O que importa aqui é: dos recursos direcionados ao futebol, qual a contrapartida (o rendimento, a competência)? Quantos pontos o clube fez na Primeira Divisão? Foi campeão? Classificou-se para Libertadores? Sul Americana? Caiu para a Segunda Divisão?
A RAZÃO DO TÍTULO DO ARTIGO
A provocação do título é que se coletarmos os dados de todos os clubes da Primeira Divisão em 2016 (os Balanços de 2017 só conheceremos nos primeiros meses de 2018) e dividirmos os valores gastos pelo número de pontos conquistados no Brasileiro de 2016, chegaremos ao valor de R$ 3,031 milhões. Em outras palavras, cada ponto conquistado custou, na média, R$ 3 milhões. Só para informar, esta mesma conta em 2012 resultava em R$ 2,099 milhões ou 50% a menos.
O QUE É ALTO RENDIMENTO? COBRAMOS DAS PESSOAS CERTAS?
Qual o objetivo de um Clube? Ser campeão, Libertadores, Sul Americana ou não cair? Se você gastou R$ 1 milhão por ponto conquistado (por exemplo: R$ 50 milhões e 50 pontos) e classificou-se para a Sul Americana, você foi mais ou menos competente que outro que gastou R$ 3 milhões por ponto (por exemplo: R$ 180 milhões e 60 pontos) e classificou-se para a Libertadores ? O que dizer do campeão que gastou R$ 4 milhões por ponto (R$ 280 milhões e 70 pontos)?
Parece-nos que agora fica claro que além do corpo técnico, devemos cobrar dos dirigentes PRIMEIRO, a capacidade de gerar receitas (mesmo com eventuais prejuízos, mais gastos que receitas, não perduram por muito tempo e nós alvinegros sentimos isto na nossa pele).
MAIOR E MENOR EFICÁCIA (OU SERIA EFICIÊNCIA?)
Conceitos similares, difíceis de definir neste tipo de assunto cai por terra com simples constatações: a queda para Divisões inferiores ou títulos na Primeira.
Portanto, no período analisado, independente dos gastos, se os clubes caíram para a Segunda e outras Divisões os parâmetros perdem o significado. Sendo campeões da Primeira Divisão, podem ter gasto muito além do esperado, mas atingiram o objetivo (será que conseguirão manter-se nos anos futuros?).
Neste período, 20 clubes que disputaram ao menos 1 temporada na 1ª Divisão, oscilaram (para cima ou para baixo) e não se mantiveram exclusivamente na elite do futebol brasileiro.
Para não ser cansativo, destacamos apenas os casos mais emblemáticos pela tradição das agremiações e/ou pelo desempenho surpreendente (muito ruim ou muito bom):
Chapecoense = em 2012 subiu para a Segunda, em 2013 para a Primeira e permanece até hoje.
Internacional = em 2016 caiu para a Segunda e volta a subir em 2017.
Joinville = em 2014 subiu para a Primeira, caiu em 2015, caiu em 2016 para a Terceira e permanece na Terceira.
Náutico = em 2013 caiu para a Segunda, permaneceu até 2017, mas no fim caiu para a Terceira.
Palmeiras = o campeão de 2016, disputou a Segunda em 2013.
Portuguesa de Desportos = em 2013 caiu para a Segunda, em 2014 caiu para a Terceira, em 2016 caiu para a Quarta e permanece na Quarta.
Santa Cruz = em 2013 subiu para a Segunda, em 2015 para a Primeira, caiu em 2016 e caiu de novo em 2017 para a Terceira.
Vasco da Gama = em 2013 caiu para a Segunda, volta em 2014, caiu de novo em 2015, volta em 2016 e permanece na Primeira.
E O BOTAFOGO?
O nosso Glorioso em 2014 caiu para a Segunda e volta em 2015. Tem uma média de R$ 120 milhões anuais de gastos e cada ponto conquistado no período custou R$ 2,414 milhões. A “colocação esperada” do Botafogo considerando o rendimento médio da equipe é o 9º lugar.
Os números médios de todas as equipes no período resultam em R$ 139 milhões anuais de gastos e R$ 2,546 milhões por ponto conquistado.
PODER DE INVESTIMENTO É GARANTIA DE PONTOS?
Custo por ponto conquistado no período (em ordem decrescente) clubes escolhidos:
Palmeiras = R$ 4,366 milhões, 1 título e 1 rebaixamento. Adicionais: Copa do Brasil/ 2012 e 2015.
Corinthians = R$ 4,210 milhões, 2 títulos e nenhum rebaixamento. Adicional: Libertadores/2012.
São Paulo = R$ 4,142 milhões, nenhum título, nenhum rebaixamento. Adicional: Copa Sul Americana/2012.
Flamengo = R$ 3,759 milhões, nenhum título, nenhum rebaixamento. Adicional: Copa do Brasil/2013.
Internacional = R$ 3,274 milhões, nenhum título e 1 rebaixamento.
Cruzeiro = R$ 3,151 milhões, 2 títulos e nenhum rebaixamento. Adicional: Copa do Brasil/2017.
Atlético MG = R$ 2,711 milhões, nenhum título, nenhum rebaixamento. Adicionais: Copa do Brasil/2014 e Libertadores/2013.
Santos = R$ 2,611 milhões, nenhum título, nenhum rebaixamento.
Grêmio = R$ 2,595 milhões, nenhum título, nenhum rebaixamento. Adicionais: Copa do Brasil/2016 e Libertadores/2017.
Botafogo = R$ 2,414 milhões, nenhum título e 1 rebaixamento.
Vasco = R$ 2,224 milhões, nenhum título e 2 rebaixamentos.
Fluminense = R$ 2,147 milhões, 1 título e nenhum rebaixamento.
Atlético PR = R$ 1,491 milhão, nenhum título, nenhum rebaixamento.
Coritiba = R$ 1,386 milhão, nenhum título e 1 rebaixamento.
Bahia = R$ 1,365 milhão, nenhum título e 1 rebaixamento.
Vitória = R$ 1,120 milhão, nenhum título e 1 rebaixamento.
Sport = R$ 1,083 milhão, nenhum título e 1 rebaixamento.
Chapecoense = R$ 884 mil, nenhum título, nenhum rebaixamento. Adicional: Copa Sul Americana/2016.
Número de pontos (média anual) conquistados na Primeira Divisão, no período em ordem decrescente:
Corinthians = 64 pontos
Atlético MG e Grêmio = 63 pontos
Cruzeiro = 62 pontos
Santos = 59 pontos
São Paulo = 58 pontos
Atlético PR e Fluminense = 55 pontos
Flamengo, Internacional e Palmeiras = 54 pontos
Botafogo = 52 pontos
Vasco = 50 pontos
Chapecoense e Sport = 49 pontos
Bahia, Coritiba e Vitória = 46 pontos.
Alguns destaques:
O Corinthians transformou seu alto poder de investimento em desempenhos consistentes no topo da tabela que podem ser dominantes por muito tempo.
O futebol mineiro e gaúcho há muito se tornaram mais eficientes que o carioca.
O São Paulo enfrenta um período de queda e o Santos de ascensão nas 2 últimas temporadas.
No decadente futebol carioca a média do Fluminense ainda se beneficia da campanha campeã de 2012 (77 pontos), senão seria equivalente a do Vasco.
A média Palmeirense se ressente das péssimas campanhas de 2012 e 2014 (rebaixamento 34 pontos e do 1º ano da volta 40 pontos).
O Flamengo e Internacional são os clubes mais ineficientes em pontos conquistados, ao considerarmos o poder de investimento.
A Chapecoense aumenta sua pontuação ano após ano, desde que estreou na 1ª Divisão (43 pontos, 47 pontos, 52 pontos e 54 pontos).
QUAL O FUTURO ALVINEGRO?
À semelhança do Palmeiras, nossa desastrosa campanha de 2014 (rebaixamento – 34 pontos) joga a média para baixo. Nos outros anos nossas campanhas têm pouca variância, nos colocando sempre na parte de cima da tabela, mas nunca acima do 4º lugar.
Como é virtualmente improvável que tenhamos uma eficiência (ou seria eficácia ?) equivalente a da Chapecoense, que mantendo o desempenho, quando aumentar em 20% seus gastos disputará o título brasileiro, devemos exigir de nossos diretores que consigam rapidamente elevar as receitas, porque mesmo com as incertezas e variâncias, para almejarmos títulos num curto espaço de tempo, deveremos aumentar nossa capacidade de gastos com o futebol em pelo menos 75%… tarefa duríssima… mas quem disse que ia ser fácil?
Apenas e Sempre Botafogo! Saudações Alvinegras!
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